quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Arquitetos do mundo, uni-vos!

Eu costumava escrever poesias de amor
e agora não consigo mais.
Mas sem amor, não é poesia,
é argamassa, tijolo, estrutura.
Engenharia.
Não-arquitetura.

Arquitetos do mundo, uni-vos!
Em favor dos engenheiros de versos!
Para que possamos,
no futuro,
todos expressarmos sentimento!

Haikai

Era uma vez um hai kai.

Ele tinha tanto pra dizer e dizia.
Mas nem todo mundo entendia
que ele resolveu acrescentar umas palavrinhas
E cresceu e cresceu e cresceu.

Virou uma estrofe,
mas não queria ficar sozinha.
A estrofe cresceu e cresceu.
E virou poesia.

A poesia cresceu e cresceu
e encheu uma página
e fez-se conto,
encheu duas,
encheu três,
encheu sete
e setenta vezes sete,
Virando assim um romance.

E cresceu.
Encheu as prateleiras
encheu os cofres da editora
encheu os olhos das senhoras de lágrimas
e cresceu
e cresceu
e cresceu.

E virou imagem.
172800 quadros,
consagrando-se um filme.
E cresceu.

Encheu salas de cinema
encheu bacias de pipoca
encheu piscinas de coca
e cresceu
e cresceu
e cresceu
e cresceu tanto,
mas tanto,
que encheu o saco.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fim do primeiro ato

Hoje acordei e vi no espelho
um não-poeta
um ex-poeta.

Diante do trabalho de outros,
colegas que não param de evoluir,
Publicam livros, escrevem contos incríveis,
Eu aqui.
Faço a barba com imperfeição
sigo a vida sem sutilezas
não sei mais descrever em palavras,
belezas.

Diante da musa mais bela,
que até agora encontrei na vida
nada, nem uma letra, uma gota.
Não que eu não esteja inspirado,
longe disso, ela é a melhor!
Mas sou ex-poeta
sem nenhum verso de cor.

Todas as noites, sonetos.
Todas as horas bato ponto,
todos os dias, contos.
Todas as crônicas, ignoradas.
da minha cabeça não sai mais nada.
Sequer rimas pobres ou não-rimas.
ex-rimas.
Remos.

Ela é linda,
ela é linda,
ela é linda,
ela é linda.

Acabou. Não há poesias, só verdades.
Declaro meu fim, por hora.


Até ano que vem
vida que vem
mês que vem
filme que vem
hora que vem.

Será que ela vem?

sábado, 15 de maio de 2010

Misteriosa

Ela me machucou
talvez mais que qualquer outra
ela merece algo de mim?
ela merece um poema?
talvez mais que qualquer outra.

Ela foi genial.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cinemando

Cinema é um trabalho
engordante e burocrático.
Alienante e sorumbático,
enfraquecedor e insignificante.
Cafeinítico e cocainático,
lunático,
insíptico.
Fotográfico, montático,
mágico, artístico e decupante.
Roteiristico e producionático,
problemático e solucionante.
Cinematográfico que só ele,
meio complicático,
mas simplístico amante.